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Edição de 18-04-2024
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07-01-2015 12:15
Público arcuense rendido à Banda da Sociedade Musical de Arcos de Valdevez

O Concerto de Ano Novo que a Sociedade Musical de Arcos de Valdevez (SMAV) realizou, no dia 4 de janeiro, na sobrelotada Casa das Artes terminou em apoteose, com o público a aplaudir de pé a qualidade artística e performativa da banda. Este espetáculo, de quase uma hora e meia, teve uma primeira parte preenchida com sete obras alusivas às temáticas do “otimismo”, da “luta” e da “resiliência”, pressupostos para forjar um bom 2015, como a elas se referiu o maestro Gil Magalhães. No segundo momento, um “extra”, a assistência interagiu entusiasticamente com os músicos e despediu-se deles com uma prolongada salva de palmas.
O concerto abriu com a superior interpretação da obra Malambo (do compositor argentino Alberto Ginastera), que é uma dança de folclore da Argentina, protagonizada somente por homens, “representando a luta entre o homem do campo e o da cidade pela conquista de uma mulher”, frisou o maestro.
Mas o sofisticado repertório incluiu, entre outras obras, La Forza Del Destino – Abertura (de Verdi), que interpreta um trio amoroso com um duelo que acaba mal; e Finale From 5th Symphony (de Shostakovich), o ‘Último Momento da Quinta Sinfonia’ (de 1937), composição que termina em apoteose, estando a ela associada uma grande carga simbólica – “o que move a humanidade é a luta e o trabalho”.
Com Roque em Português (do compositor Luís Cardoso), o público reviveu temas marcantes dos anos oitenta, do século passado, os quais, segundo Gil Magalhães, marcaram uma “viragem na vontade de trabalhar para a frente.” Aqui, a maioria das cerca de 260 pessoas que assistiram ao espetáculo “mataram saudades” de Rui Veloso, GNR e Táxi, “pais” do rock português.
A pedido do maestro, na interpretação da Marcha Radetsky e da Polka (ambas de Strauss) – justamente as obras que recentemente fecharam o afamado Concerto de Ano Novo em Viena (Áustria) –, a plateia “entrou no jogo” e, em plena comunhão com os músicos, abrilhantou um espetáculo onde a qualidade performativa e a entrega estiveram sempre de braço dado.
Especialmente do agrado dos músicos arcuenses (em minoria na banda) foi o tributo final. “Não estava à espera deste longo aplauso no fim. Para mim, foi o melhor reconhecimento que, desde sempre, tivemos em Arcos de Valdevez”, referiu ao NA Luís Carlos Cunha.
Sobre o impacto que a banda tem pronunciou-se o edil João Manuel Esteves. “É um orgulho e uma felicidade ter uma banda que faz ouvir e ‘passear’ Arcos de Valdevez por Portugal e pelo mundo fora.”
Mas estes executantes só têm levado o nome do concelho para muitos lados porque há uma estrutura de suporte na retaguarda – é justo lembrar o trabalho e a dedicação do presidente João Costa e do diretor Isidro Amorim, incansáveis na procura de condições/soluções para manter de pé a banda.
Por isso, está a decorrer, neste momento, uma campanha para angariação de sócios. Este Concerto de Ano Novo foi mesmo aproveitado para proceder à entrega de propostas, operação de “charme” que visa conseguir a filiação de mais arcuenses, porque, como disse o diretor, “se todos ajudarem um pouco, custa menos.” Só para se ter uma ideia dos encargos que uma banda destas acarreta, basta dizer que “há instrumentos que valem mais do que um automóvel”, reforçou Isidro Amorim.
A propósito, e para que se saiba, um fagote custa 20 mil euros; uma tuba não fica por menos de 10 mil euros; um saxofone custa 4500 euros; uma flauta transversal ronda os 3500 euros, tanto quanto custa um oboé. E há que contar ainda com os clarinetes, os bombardinos, os trompetes, os trombones e as trompas.

SMAV: uma “banda de categoria”
A SMAV é constituída por mais de sessenta elementos, quase todos com formação musical e instrumental na própria banda, alguns dos quais têm vindo, de resto, a evoluir em academias, escolas profissionais e do ensino superior. A banda apresenta, ainda, um coro de música sacra (de apoio ao culto religioso) e, para salvaguardar o futuro, conta com uma escola de música. De resto, é esta escola que dá continuidade à filarmónica e assegura a sua renovação.
Fundada em 1880, a banda, além de participar em festas e romarias – só muito esporadicamente é contratada pelas comissões de festas deste concelho –, realiza concertos de solidariedade ou de beneficência, sendo convidada amiúde para festivais de bandas, dado o enorme prestígio granjeado no meio artístico ou não fosse a SMAV vista pelos entendidos como uma “banda de categoria”…

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