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11-07-2015 14:44
Peregrinação a S. Bentinho: fé para uns, ‘entretém’ para outros…

Está para durar a romagem anual a S. Bentinho de Ermelo, mas com menos peregrinos a cada ano que passa. O “santuário” que dá fama ao lugar voltou a receber este ano, apesar de tudo, largas centenas de romeiros, devotos ou não, vindos de várias localidades do concelho de Arcos de Valdevez (e também da vizinha Ponte da Barca).
O ritual cumpriu-se outra vez, no dia 11 de julho, como em tempos idos. Desde a meia-noite, vários grupos de romeiros fizeram-se espaçadamente à estrada, quase todos munidos de lanternas e de coletes retrorrefletores, atravessando a pé as serpenteantes estradas até chegarem ao requalificado templo de Ermelo, antes de o sol raiar, ou não fosse esta a “romaria sem sol”, por entre o verde Minho que sobressai no vale encaixado com o rio Lima ao fundo.
Certos grupos, maioritariamente constituídos por jovens, movidos pelo entretenimento, iam seguindo em animadas cavaqueiras até “estacionarem” em Gração, onde a música ‘pimba’ lhes aparece como ponto de encontro. Entretanto, outros, de terço na mão ou “carregando” amuletos, transportam passo a passo uma fé inabalável no santo padroeiro do concelho de Arcos de Valdevez.
“Tenho 55 anos e faço a romagem a Ermelo desde os 7”, diz Teresa Falcão, que conta quase meia centena de peregrinações nas pernas, sempre em completo recolhimento. Quase tantas romagens tem Maria Emília Silva, que repete, de ano para ano, o cerimonial – “cartilha” que os fiéis seguem à risca. As oferendas são largadas no altar de S. Bento. Cravos brancos ou vermelhos, ovos, sal, peças de cera e moedas, tudo serve para agradecer uma graça, um “milagre”, uma cura ou simplesmente pedir saúde, que é quase tudo. Mas o ritual só fica completo com a bênção e a colocação da cartola na cabeça de S. Bento, com as rezas e com a missa. A eucaristia das 6.00, a primeira da alvorada, no sobrelotado espaço sagrado, serviu para consolar, após espinhosas caminhadas, os devotos.
De entre os mais novos, é a diversão que reina. Os romeiros, alguns deles menores de idade, fazem o itinerário pelo convívio. Hernâni Dias, na casa dos vinte anos, alinhou nesta filosofia. “Vim, pela primeira vez, para a festa!”, atalha. A mãe, Celeste Pereira, de Grade, também. Nenhum deles assistiu às cerimónias religiosas.
Daqui a um ano, devotos e festivaleiros voltam ao templo para os rituais de sempre…

[Reportagem ilustrada na próxima edição do "Notícias dos Arcos" - 16 de julho]

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