Arquivo: Edição de 04-11-2010
Opinião
Opinião
A bailarina e o fotógrafo
Maria Paula T. Q. Barros Pinto
Após o ensaio a bailarina sentou-se no chão, exausta. Com as mãos esguias ligeiramente trémulas desfez as fitas dos sapatilhas de pontas e esticou os pés deformados. Massajou-os, doridos e esfolados. E suspirou profundamente. O fotógrafo pousou a máquina no soalho e, preocupado, correu para ela. Pegou-lhe nas mãos tão trémulas e tão frágeis e beijou-as ternamente. Seguidamente segurou-lhe os pés macerados e esfregou-os com energia. “Ai…”, gemeu a bailarina, lançando um olhar aos pés feridos. O fotógrafo reparou que tinha as mãos manchadas de sangue e comoveu-se.
Pobreza encapotada, objectivos gorados, sonhos desfeitos…
Gil Heleno
Passados que são trinta e seis anos de democracia o “paraíso” e a igualdade imaginadas pelos revolucionários são objectivos cada vez mais utópicos.
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“ Tens que entender que a mãe agora não tem dinheiro para te comprar o que tu queres”.